Fica. Prometo que paro de ser chata, boba, carente e
ciumenta que você tanto acusa que sou. Prometo que diminuo meus gritos histéricos
e controlo meu gênio indomável. Prometo que fico calma e menos barraqueira. Mas
fica. Eu juro que durmo quietinha encolhida no meu lado da cama e não invado
seu espaço, nem subo em você, nem roubo seu edredon.
Fica. E eu prometo que não acho ruim quando você se atrasar
dez minutos, nem fico imaginando que você tem romances proibidos e escondidos.
Eu nem vou ligar se você sair pra jogar bola numa sexta-feira à noite. Eu nem
vou falar mal da sua turma de homens solteiros que não vale nada. Só não vai
embora.
E eu nunca mais olho sua carteira procurando bilhetes de números
que eu não sei. E eu nunca mais procuro batons vermelhos no seu colarinho. E eu
não olho mais seu celular procurando mensagens escondidas. E eu juro, juro que não
desconfio das vezes que você não atende minhas ligações e nem se desculpa por
isto.
Fica. E eu não vou ligar pela tampa do vaso levantada, com a
toalha molhada na cama, com a gaveta que você é incapaz de fechar, Eu juro que não
fico brava por você nunca me mandar flores, por você nunca dizer que me ama,
nem nunca demonstrar que precisa de mim. Eu prometo que não vou ligar das vezes
que esquece-se das datas importantes, de quando não repara que passei o dia
todo no cabelereiro para você, nem que comprei um vestido novo.
Fica. Eu vou respeitar o seu jeito de me amar, o seu jeito
de me tratar, o seu jeito de ficar. Eu abandono as discussões das relações, eu não
vou me irritar com as coisas que você não diz, nem com seus silêncios
inquietantes.
Eu fico quietinha, não faço barulho, e só falo quando você falar
comigo. Pode dizer que eu não tenho nenhum amor próprio, eu não ligo, meu amor
é mesmo todo seu. Eu prometo que serei a mulher que você tanto sonhou em ter.
Sem cobranças, sem desconfianças, sem brigas e acusações.
Apenas, fica.
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