sexta-feira, 18 de abril de 2014

A Escritora E O Músico



Eles se esbararam, tropeçaram, se encontraram ou se perderam numa dessas curvas do destino irônico que ele tanto acreditava e ela não suportava acreditar. Nenhum dos dois sabe ao certo como foi que aconteceu, mas sabiam que o inverno que ali fazia –dentro deles e do lado de fora também –foi-se embora assim que trocaram um olhar e uma dessas desculpas esfarrapadas junto de um oi, tudo bem?, eu vou bem e você?, eu também. O acidente e o frio fizeram-se desculpa para ele se fazer de educado e chamar a moça desequilibrada e de sorriso bonito pra tomar um café quente, depois de lhe oferecer seu único casaco. Ela aceitou –o café, o casaco e, sem querer, ele em sua vida.

Tinham pouca coisa em comum, se você quer saber. Feito Eduardo e Mônica, talvez, só que um pouco mais contemporâneo, ele mais pra Mônica e ela mais pra Eduardo. Ele gostava de músicas que ela nunca tinha ouvido falar, e ela curtia uns populares que ele não aguentava ouvir citar. Ela era romântica, ele idealista. E se ela escrevia, ele compunha em dós e rés músicas que ninguém ouvia. Ele o problema, ela a solução. A aspirante a escritora e o aspirante a músico e poeta, eram, juntos, uma boa combinação. Se ela era barulho, ele era o silêncio que tanto buscava. E se ele era organização, ela era a bagunça que colocava sua vida no lugar (ainda que de cabeça para baixo).

Ela já quis ser de tudo –jornalista, cineasta, roteirista, cronista, modelo, médica, advogada, doutora, professora, e até, vai entender, piloto de avião –Já ele preferia se manter a passos pequenos e sonhos grandes pra chegar onde sua mente sonhadora planejava a todo instante. Se ela era vida, ele era sonho. Se ele era complicado, ela desamarrava os nós com cuidado. Se ela era música, ele lhe fazia de sua inspiração. Se ele era poeta, ela fazia dele sua maior história de amor. E se vocês acham que eles eram diferentes demais para darem certo juntos, posso afirmar, que apesar de enxergarem o mundo por lugares diferentes, viam a luz do mundo de um mesmo modo: pelos olhos do outro.

Ele, que idealizava tudo, viu nela sua única certeza sem ter alguma hesitação. E se ela era quem questionava sempre em busca de respostas, viu naquele cara meio assim desengonçado-esquisito-idealista perdido num mundo sem compaixão sua única explicação. E juntos descobriram que para sempres podem existir, quem sabe, além de um fim de uma história ou de uma nota de uma música. E que apesar de nem todo o tempo do mundo lhe serem o bastante, quando se juntaram provaram que a eternidade é coisa de um instante.

E ele, que tinha medo de altura, se viu voando nos braços corajosos dela. E ela que queria ganhar o céu, alcançou as estrelas no instante em que ele lhe pediu a mão. A escritora e o músico tinham pouco em comum além de um mesmo coração. Se se perderam ou se encontraram ninguém pode saber, mas eles entendiam que haviam se conhecido de verdade ao se acharem um no outro, que nem aquelas histórias clichês que ela escrevia por aí ou aquela canção que ele fez e esqueceu no canto do quarto junto com seu velho violão. Se separados não faziam sentido, juntos eram imbatíveis e a escritora e o músico viveram um amor assim, meio em melodia, meio em rima, meio em textos sem pontos e vírgulas, sem igual porque se completavam –que nem arroz com feijão.



Esse texto foi um pedido feito pela Jéssica Zambello, mais conhecida como Jesselicious :P baseado na música de Ele/Ela da Sandy Leah (com um pouco de Eduardo e Mônica, também). Ta oh: uma bosta. Mas foi de coração!









Eu sei, tô devendo zilhões de textos que vocês encomendaram. Mas tô tentando entregar todos, apesar da minha lentidão. É como diz aquela música do Lulu Santos que eu meio que adoro: assim caminha a humanidade, com passos de formiga e sem vontade. Eu, no caso caminho assim. Se você tem alguma sugestão de algum texto, manda um e-mail para mim (nanzcampos@gmail.com) e me conta, quem sabe um dia eu não possa entregar o seu pedido a você HAHAHAHA

9 comentários:

  1. Ah, que adorei! Eu amo textos assim, de gente que era tão improvável que se juntasse, mas que acabam se juntando. Amo mesmo. Adorei a referência a Eduardo e Mônica e ainda me veio a mente Pra todo dia do Teatro Mágico :P Amo muito!

    Um beijo
    www.naotenhopressa.com

    Ps. comentei acima com o perfil errado (o da facul) HUEHUE sorry!

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    1. OTM é sempre muito amor né?
      <333
      amores impossíveis sempre serão os melhores de ser contados, cá entre nós

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  2. "Se separados não faziam sentido, juntos eram imbatíveis".
    Mas que texto maravilhoso! Amo, de coração, textos de "amores improváveis". Ainda mais que tenham uma mistura de "Eduardo e Mônica" e Sandy, né?! Hahaha.
    Parabéns, escritora linda! Como sempre, você arrasa.

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    1. <3333333333333333
      obrigaaada
      mesmo com os exageros hahahahahahahaha <33333333333

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  3. "E se ele era organização, ela era a bagunça que colocava sua vida no lugar (ainda que de cabeça para baixo)." & "Já ele preferia se manter a passos pequenos e sonhos grandes pra chegar onde sua mente sonhadora planejava a todo instante." af, já amo <3

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  4. Gente que coisa mais linda.. Tô apaixonadinha *--------*

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  5. MInha cara, você é mesmo uma poetiza das boas!! Gostei d+ do texto!
    abs,

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Comentários

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