sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Tenho que chegar a Roma





Olho para um lado. Olho para o outro. Ando numa direção, mas tenho certeza que é para a outra. Ou pelo menos não é nessa. Acontece que eu não sou daqui, mas estive aqui, ou melhor, lá, aonde tenho que chegar. Por enquanto só tenho um vago reconhecimento das ruas que circulo em zig-zag. 

Não sei se é porque é final de semana ou porque o dia está tão quente ou porque os astros se alinharam, mas todo mundo aqui está andando em cardume, tagarelando com a pessoa ao lado, obstruindo as calçadas com seus passos calmos de quem não está com pressa para encontrar alguém. Pode ser que eu fique calma desse jeito quando eu encontrar o meu alguém. Porém, nesse meio-tempo...

Dizem que o sol tem vitamina D e que ela traz uma sensação de felicidade. No momento só estou sentindo uma gota de suor escorrendo pegajosamente entre o meu decote. Isso não é feliz. Isso é sinal que minha roupa está ensopada e minha maquiagem derretida. Não que eu precisasse de sinais para perceber isso, podia sentir como tudo escorregava junto com minhas esperanças de chegar onde eu já deveria estar. 

É por isso que eu não falo nada. Sobre a felicidade. Por medo de arruiná-la, seja com gotas de suor ou eventuais lágrimas. É por isso que eu não falo nada, nada de nada. Mas como é que vou chegar ao lugar que quero estar desse jeito? Eu não sou daqui. 

Era melhor continuar andando, seria melhor ainda se eu tivesse um rumo. Andar num constante jogo de adivinhação do que não se sabe pode ser cansativo. Por isso e não por outras eu entrei na banca de jornal mais próxima. 

- Praça Paris. É pra que lado? 

- Pro lado de lá. Você segue em frente toda a vida e vai logo ver. 

Eu segui adiante, sem desistir, com toda atenção do mundo. Até que logo vi.


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