sábado, 24 de janeiro de 2015

Eu Tenho Só Vinte E Tantos Anos

#COTIDIANICES das lindas Aimée & Beea <3

Eu acabei de completar vinte e três anos. Com essa carinha cheia de espinha de dezessete. E o corpo de uma menina de catorze. Mas a identidade aponta: nascida em janeiro de mil novecentos e noventa e dois. Estamos em 2015. Façam as contas: vinte e três anos. É estranho chegar nessa idade, porque quando eu era criança eu sempre achei que aos vinte e três eu já estaria formada, com um bom emprego, um cachorro e muita sabedoria. Só tenho o cachorro mesmo na conta, obrigada.

Não me sinto (muito) mal por isso. A vida tem caminhos estranhos, você entende? Vou te dar um exemplo: eu quase fui muita coisa, quase fiz muito curso na faculdade, antes de entrar pra psicologia. E não me levem a mal, eu adoro o curso que faço, mesmo, de coração, mas toda vez que alguém me pergunta: então você vai ser psicóloga? Eu digo: por enquanto sim. Porque eu sou assim: movida a por enquantos. E não me acho pior do que quem tem certeza sobre tudo na vida. Aliás, não me acho nada. Me dou o direito da dúvida, da incerteza, de não saber sobre o amanhã nem mesmo sobre o ontem: gosto do hoje. Do agora. Desse momento que, depois de, mesmo em férias passar os últimos dois dias fazendo coisas pra faculdade, estudando e lendo sobre psicologia, eu sento na frente do computador, escuto o barulho de chuva na janela e escrevo. Escrevo. Agora. Nesse instante. Sou o que sou agora e não o que quero ser amanhã. Porque amanhã eu posso não querer mais ser o que quero hoje. Confusa, eu sei. Vivendo na via das dúvidas sem medo de não encontrar respostas.

Não tenho certeza sobre nada nessa vida.

Sou lotada de dúvidas.

Enquanto amo a psicologia, me deixo me interessar por outras coisas – tipo, Letras. Enquanto eu amo o português, não me acanho em também gostar de, esconde a cara de susto, física. Se leio livros clássicos, não me envergonho de ler livrinhos romance água com açúcar. Amo Machado de Assis o mesmo tanto que amo os escritores contemporâneos dos blogs de textos que visito quase todos os dias. Gosto de futebol o mesmo tanto que acompanho sobre política. Posso assistir BBB e continuar lendo mais livros que a maioria das pessoas que eu conheço. Assim como posso não ler tantos livros quanto as pessoas sempre pensam que eu leio. Amar uma coisa não me tira o direito – e nem o prazer – de conhecer o seu oposto. A vida, graças a Deus, é mais do que o preto e o branco. E eu sou apaixonada por cores pra viver apenas no cinza.

Se aos quinze tudo é infinito, como escreveu Machado de Assis, aos vinte e poucos tudo é inconstante. É descobrimento. É uma busca incessante de quem você é e uma construção do que você quer ser. E você pode ser muitas coisas além do que você é capaz de imaginar.

Se, quando criança, eu achava que aos vinte e três já estaria muito bem na vida, hoje eu não sei o que posso ser amanhã. Me dou o direito de não saber. Saber é cansativo. Exige muita sabedoria e, sinceramente, muita disposição. Eu gosto de ser assim, indefinida, sem fazer planos para daqui cinco, dez ou quinze anos. Eu gosto de me descobrir todos os dias. E de achar uma nova coisa pra estudar e aprender. Porque eu gosto de aprender, antes de qualquer outra coisa. Sabe o que eu falei sobre ser lotada de dúvidas? Então, sou movida a elas.

A vida é uma via de dúvidas. Muitas e muitas dúvidas. E eu, como eu sempre digo por aí, sou inconstante demais pra me definir. Afinal, já disse, eu tenho só vinte e poucos anos. Que tal querer ser sábio só pros meus netos, lá com meus setenta e três?


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Compartilhe