De longe te avisto do outro lado da rua. Você ainda
não me viu ou talvez esteja só fingindo não ter me notado ainda, diferente
daquele dezembro que mesmo em direções opostas os nossos olhares se cruzaram e
os nossos sorrisos sorriram juntos.
O meu coração acelera cada vez que a distância entre
nós diminuía. A inquietude toma conta de mim, minhas pernas travam e minhas mãos
tremem e suam mais do que nunca.
O tempo já passou, mas você ainda continua causando
efeitos em mim. Culpa do destino que insiste em nos fazer esbarrar em cada
esquina todas as vezes que a ferida está praticamente cicatrizada.
Enquanto parte da minha mente
funciona ferozmente sobre o quê fazer, outra parte lembra-se daqueles momentos que
agora parecem serem tão distantes e que já não vem à torna como antes. Parte
também se pergunta o que restou após o fim e é estranho perceber que de tudo o
que vivemos poucas coisas restaram.
O que restou após o fim foram
lágrimas e frustrações ao descobrir que estive enganada sobre você. O que restou
após o fim foram seus erros querendo substituir os seus acertos. O que restou
após o fim foram brigas intermináveis sem motivos.
Apesar de ter restado também
saudade, cartas e lembranças de momentos felizes cada vez mais elas se tornam
distantes, quase como se tudo tivesse sido apenas uma utopia.
Você sorriu e veio caminhando em
minha direção. O quê fazer? Estranho não saber como reagir perto de quem,
antes, eu corria para o abraço todas as vezes que via. Estranho sentir-se como uma desconhecida perto de alguém que um dia fez parte da sua vida.
"Oi, tudo bem? Quanto tempo ein?!
Você sumiu!".
"Ah, sumi não. Tô sempre por
aí. O que tem feito da vida?".
Alguns minutos de conversa clichê de
quando revejo alguém que há tempos não me encontrava.
“Quem sabe a gente acaba se
esbarrando por aí de novo?!”.
Me despeço com um abraço e um
até logo.
Atravesso para o outro lado da rua
sem olhar para trás, afinal, poucas coisas restaram após o fim, mas, muitas mudaram.
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