2013 passou num piscar de olhos, sei que você, ela e aquele
outro ali chegaram a mesma conclusão que eu. Os anos estão cada vez mais
rápidos ou a gente que anda vivendo dias cada vez mais loucos e não estamos
dando conta de perceber o tempo passar? Como diz mestre Lulu Santos: o tempo
voa, escorre pelas mãos. E, sendo fim de ano, a gente sempre tem essa mania
mesmo meio besta (e nostálgica) de tentar segurar um pouco do ano nas mãos e ver como foi que chegamos
aqui: a última semana de dois mil e treze. O que passamos, como passamos, como
superamos, como ainda estamos vivos e sorridentes e como estaremos ainda mais
vivos e sorridentes nas fotos de virada de ano, provando a todos que, sim, é
verdade, tudo começa, tudo termina, e, como os anos, às vezes recomeçam-se os
ciclos. 2014 já tá aí na porta, puxando as malas pra entrar de vez em sua casa.
E você, eu aposto, nem limpou a bagunça da sala causada pelo Natal, não é? Nem
tirou as coisas velhas do fundo do armário. Jogou umas roupas que não vai usar
fora. Deletou uns números que não precisará mais em sua agenda. Em outras
palavras: você não se preparou pra receber o ano que está vindo. Talvez porque não
está pronta para recebe-lo, ou talvez porque não se deu conta que sim, 2013 já
acabou, e sim, não importa como tenha sido o seu ano, só vai melhorar o que é que você queira melhor no ano que
vem, se você mudar algumas coisinhas em você. Aquela velha história de sempre
que você está cansado de ouvir: como pode querer resultados diferentes se
continua fazendo o mesmo percurso pra chegar ao final?
Tem um punhado de metas que eu escondi no fundo da gaveta
porque não dei conta de coloca-las em prática esse ano. Como quase sempre, a
gente cria expectativa demais pro ano que está vindo, mas acaba fazendo muito
pouco. Quando penso sobre 2013 penso que foi um ano bom. Bom. Sem pontos de
exclamações, sem lamúria, sem empolgação ou tristeza. Simplesmente um ano bom,
onde aconteceram coisas ruins –coisas bem ruins, quero dizer –e outras coisas
muito boas. Ou talvez eu esteja exagerando; vai ver nem as coisas foram tão
ruins nem as coisas foram tão boas. Mas sobrevivi. Certo? Cheguei até aqui. Ao
fim da estrada do ano e ao início de uma nova estrada. E aí é aquele momento de
sempre em que a gente olha pro caminho, olha pra trás, olha pros lados, e se
pergunta: afinal, pra onde é que eu estou indo? E como vim parar bem aqui? Hora de fazer um balanço sobre o ano vivido, limpar o sangue das feridas conquistadas, limpar a bagunça da festa abandonada pra esperar o ano novo chegar. Antes de receber alguém, a gente precisa se mostrar pelo menos apresentados para o que é que estiver vindo ao nosso encontro. E para isso, meus caros, temos que nos despedir do passado.
Cresci muito em 2013 e isso acontece todos os anos. Aprendi
coisas novas. Me renovei com coisas que já sabia. Deixei de lado umas opiniões
pré-formadas e fui ali tirar a poeira em cima do preconceito velado e escondido
que todos nós guardamos –ainda que saibamos quão errado isso é. Se sou uma
pessoa melhor? Não sei. Não me arrisco. Mas pior, garanto, não tenho sido.
Consegui alcançar minha principal meta para o ano que já termina: controlar
minha paciência. E, sabe, com uma paciência um pouco melhor a gente para de
reclamar um pouco da vida também. É como um efeito borboleta: um bater de asas
ali, causa um tornado lá na frente. Se é que me entendem. A paciência tão bem
trabalhada me fez parar de querer as coisas tudo pra ontem: espero pelo hoje.
Me fez aceitar os desafios impostos pelos caminhos: eles não me impedem de
chegar aonde quero. Me fez parar de reclamar quando as coisas deram errado:
agora revejo o que fiz e penso no que poderia ter feito melhor pra ter um outro
resultado. A paciência me deu fôlego para não desistir, para não abandonar,
para não me irritar com bobagens passageiras. Aprendi a esperar. Logo eu,
aquela capricorniana típica que tá sempre conferindo o relógio com medo de
perder a hora. A paciência foi meu grande trunfo em 2013. Continuará sendo
minha principal meta pra 2014. Com ela,
eu aprendi a relaxar e a curtir mais o pôr do sol, que eu tanto amo, sem ficar
tão ansiosa pra ver a primeira estrela brilhar na noite que se segue.
Perdi algumas coisas nesse ano. Perdi amigos que achei que
seriam para sempre, perdi umas notas de bobeira na faculdade, perdi a coragem
de insistir em histórias que não dão em nada. Perdi o medo de chorar –em público
ou pra mim mesma –De me embolar como um feto e deixar a dor doer. Faz bem,
sabia? Perdi a força pra sufocar tudo o que sinto. Tudo o que eu sou. Perdi as
contas de quantas vezes me deixei levar pelo momento. Perdi a vontade de querer
controlar tudo –e até tentar controlar meu coração. Perdi o medo de uma relação
de verdade e pela primeira vez em anos: fiquei. Fiquei e assustei todo mundo
com a decisão tomada. Perdi o receio de surpreender as pessoas. E perdi também
o medo de surpresas que a vida pode nos dar. Perdi a perda. Bem
redundantemente. Não que não me doa ou me dilacere perder algo ou alguém que
era especial. Mas aprendi a perder. Mais importante do que vencer é ter a
consciência tranquila na hora de dormir. Perdi o sono às vezes –por motivos
idiotas, mas também por motivos lindos –E perdi meu coração também. Mas não se
preocupem: ele tem sido bem cuidado.
Por outro lado: também ganhei. Ganhei sorrisos, momentos, lembranças e lágrimas.
Porque a vida é feita disso. Ganhei uns amigos novos que quero levar pro resto
da vida –ainda que eu os perca lá na frente, sei que os carregarei dentro de
mim –Ganhei novos olhares sobre coisas antigas. Ganhei coragem pra ir em
frente. Ganhei experiência em velhos hábitos. Ganhei uma nova maneira de
escrever que foi mudando sutilmente, e que muitas pessoas perceberam. Ganhei um
motivo novo pra sorrir todos os dias. Ganhei uns encontros novos, uns
desencontros antigos, uns presentes que nunca vou usar –e que guardo assim
mesmo –e um brilho no olhar que tem aparecido até nas fotos. Ganhei uns elogios de pessoas que não esperava e fiquei feliz por isso. Ganhei um coração novinho pra cuidar. Ganhei
beijos, abraços, dias longos e noites curtas. Ganhei umas histórias que vou
levar pra sempre. Uns banhos de chuva e de sol. Ganhei coragem pra lutar pelo
que quero. E o direito de ficar sem pensar toda hora em ir. Aliás, ganhei a incrível capacidade de esquecer-me da hora e ficar.
Fiz as pazes comigo mesma e com pessoas que achei que nunca
iria perdoar –e foi tão bom aceita-las de volta de braços abertos, mesmo depois
de ter chorado tanto por elas, sabiam? – Perdoar faz bem. Deixei pessoas irem
quando elas decidiram ir. Aprendi nesse ano que as pessoas sempre se vão.
Algumas voltam. Mas raramente passam. Ficam na memória, no jeito, no gosto, na
gente, querendo ou não, e sempre serão lembradas. Me refiz inteira. Me quebrei
inteira. Me colei inteira. E aí descobri que não precisava fazer tudo isso
sozinha. Aprendi a pedir ajuda, sem medo do que diriam, sem me achar pior por
isso. Aí me apaixonei. Pela vida primeiro. Depois por mim. Pelas pessoas que
tinha por perto e algumas que estão longe, mas trago no coração. E depois de
tudo isso, era só mais um passo pra me apaixonar por outro alguém. Enfrentei
desafios e vou continuar enfrentando. Aceitei: a vida é o que acontece entre
uma grande tragédia e uma insuportável felicidade. Aprendi a agradecer, as perdas e os ganhos, porque, no fim, tudo nos torna o que somos. E agradecer a vida é como agradecer a gente mesmo. E agradecer a gente mesmo é nos aceitar como somos.
Terminei o ano sem saber se as tristezas foram maiores que
as felicidades. Mas sei que fiz o melhor que poderia ter feito e me saí das
situações do melhor jeito que consegui.
O que quero pra 2014? Se eu falar que não tenho metas ou
expectativas, estarei mentindo. A gente sempre tem –mesmo quando juramos que
vamos fazer diferente esse ano. Mas aprendi a esperar o que é que a vida trará
e, então, ver o que é que dar pra fazer pra melhorar. Quero mais risos e mais
choros, mais amigos e mais desamores –por que não? –Quero crescer e evoluir.
Aprender mais. Sonhar mais. Escrever mais. Me apaixonar mais. Me perder mais. E
aí me achar de novo –em mim ou em alguns braços por aí –Quero ser feliz. E quem
não quer? Posso até fazer uma lista nova, que vai acabar como a antiga: no
fundo do armário. Ou não. Posso soltar os cabelos ao vento e deixar a brisa
bater –só pra variar –Fechar os olhos e me deixar ser carregada pela
correnteza. Me machucar com uns espinhos só pra enxergar de perto a beleza de
uma flor. 2013 foi um ano bom –e apenas isso –E não sei o que você achou do seu
ano, o que mais te doeu e o que mais você aprendeu. Não sei se o que você perdeu
pode ser comparado ao que eu perdi também. Nem se o que ganhou foi melhor do
que tudo o que eu conquistei. Não se compara dores ou amores. Vive-os. Sem
culpa ou culpados, sem vítimas ou acusados, sabe? Somos responsáveis pelo que
cativamos –desde os momentos, até as pessoas –E temos que aprender a lidar com
isso.
Com isso e com pontos finais. Porque quase tudo que começa tem que
terminar. Ou recomeçar. E sei que apesar das metas ou dos desafios, pra 2014 meu
único pedido dará um trabalhão pra ser conquistado: quero paz. Porque uns
braços pra me proteger e um ombro pra deitar, felizmente, eu já achei. Então,
só me falta a tão sonhada e buscada: paz. Paz pra ser quem eu quero, paz pra
suportar quem eu quero ser, paz para viver e paz para ir e deixar ir embora, se eu ou você ou o ano que tá acabando, já não quiser
ficar.
E pra você, do outro lado da tela, eu desejo tudo aquilo que
você se desejar.
Li vários textos sobre o fim de ano .. E queria te dar os parabéns. Pelo menos pra mim foi o melhor de todos. Não sei, como sempre você com essa capacidade de organizar meus sentimentos e traduzí-los em textos, em poesia. Queria que você soubesse que você e o UDC fizeram parte do meu 2013, que por muitas vezes me perdi aqui e muitas vezes mais me encontrei em tuas palavras. Que em muitos momentos chorei por ver histórias tão parecidas com a minha. E por isso e tudo mais te deixo esse comentário. Te desejo um 2014 maravilhoso, que sejas muito feliz cm teu "ruivo" e com a tua família. Que nunca lhe falte inspiração, paz, amigos, saúde e muito amor. Obrigada por se fazer presente no meu ano Nanda .. Bjinhos Pri Santana
ResponderExcluirMais uma vez Uau...
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